Sentir é saber

Era natural que os ventos se fossem os olhares se crispassem
os sonhos esfumaçassem
com a poeira névoa tarde sem amanhã
Era natural perder-se entre sonhos relembrar aventuras estar entre eles
sem fazer parte deles
E mesmo que eu nada tivesse
que tudo desencantasse eu saberia do amanhã
de um tesouro que loucamente saberia
enterrado em mim o medo do oculto
Eu saberia que uma escolha poderia ter mudado tudo
eu veria onde não há olhos
simplesmente seria
Eu saberia de coincidências acessaria sapiências
seguraria com a mão tudo o que não se pode tocar
Talvez não quisesse ver mas eu sentiria o meu saber
e na imensidão das tarde eu saberia o porquê
Não haveria saudade miragem amanhã
Outrora
Eu teria apenas uma visão uma hora
e teria tudo sem demora
Nas tardes de tantos fusos
de sol me cobriria
mais próximo do que não haveria
E em tantos gerúndios particípios e passados
eu presente veria
Vivo cada instante nem premente nem adiante
Acato sonhos mensagens todas as viagens
que a consciência não alcança
de noite sonho a distância
E repito os personagens autores da viagem
Todos os símbolos fases sentir
que é meu jeito de saber

Photo: Charles River - Boston